Bela Gil, Paola Carosella, Helena Rizzo, Bel Coelho. Se você conhece estes nomes, sabe que são chefs incríveis que vem revolucionando nossa forma de lidar com os alimentos por meio de suas atuações na cozinha, seja na TV ou
nas redes sociais. E recentemente, quem as acompanha, percebeu que algo a mais as une: o apoio ao veto do Projeto de Lei 6299/2002 que visa, dentre outros itens, a liberação de mais agrotóxicos na alimentação do brasileiro, alteração do nome “agrotóxico” para “defensivo fitossanitário” e diversos outros itens que irão deixar livre o caminho do veneno ao arroz com feijão nosso de cada dia. Não somente as chefs, como milhares de brasileiros tem se engajado na luta contra o aumento da liberação de venenos na agricultura. Foi lançada a campanha “chega de agrotóxicos” que busca apoio para aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos e veto ao projeto 6299/2002.
Mas afinal, o que significa todo esse barulho? De acordo com o site da campanha, “O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo (…) e segundo pesquisa IBOPE, 81% dos brasileiros considera que a quantidade de agrotóxicos aplicada nas lavouras é “alta” ou “muito alta”. Dessa forma, aprovar uma lei que permita ainda mais veneno em nosso prato, realmente não faz nenhum sentido. A chef Paola Carosella, que inclusive compareceu à Brasília para expor a importância da não aprovação do projeto perante deputados, comentou em seu Instagram:
Preste atenção: o que está em jogo com este PL e muitos mais venenos dos que já tem na nossa comida. Ninguém aqui agora está questionando se o agronegócio é ou não bom para o pais, ninguém aqui apresentou um projeto para os agrotóxicos acabarem amanhã. Se manifestar contra este Pl e se manifestar contra mais venenos dos mais de 200 que já são utilizados, contra retirar o poder de veto na aprovação de um novo agrotóxico da @anvisa_br e do ministério do meio ambiente e deixar o veto APENAS no Ministério de Agricultura. É ser contra do uso de venenos considerados cancerígenos e causantes de má formação fetal. Ninguém aqui é contra o Brasil contra o progresso contra comida acessível e de qualidade para todos. Aliás o oposto. Mas não vamos perder o foco na votação deste PL. Eu concordo que a lei dos agrotóxicos precisa ser discutido e modernizado, mas não da forma como este PL está relatado. Entenda. Ser contra o PL 6299/02 não é ser contra agrotóxicos ou apenas a favor de orgânicos! É ser contra MAIS veneno do que já temos hoje.
A plataforma “chega de agrotóxicos” lista alguns motivos para o movimento:
1. São a causa de diversos problemas de saúde, e a
exposição a longo prazo pode causar doenças crônicas
como o câncer;
2. Atingem diretamente os camponeses e camponesas que
produzem nossa comida;
3. Contaminam os cursos d’água, reservatórios e aquíferos;
4. Matam a vida do solo e provocam a ‘espiral química’, isto é:
quanto mais agrotóxico se usa, mais agrotóxico é
necessário usar;
5. Ameaçam diretamente a soberania alimentar, tornando
nossa agricultura dependente das empresas transnacionais
que dominam este mercado;
6. Só em 2015, as empresas faturaram R$32 bilhões com a
venda de agrotóxicos, enquanto o Brasil investiu apenas
R$3,8 bilhões em alimentação escolar; e
7. A ONU afirmou que os agrotóxicos são responsáveis por
200 mil mortes por intoxicação aguda a cada ano, e aponta
que mais de 90% das mortes ocorreram em países em
desenvolvimento. Além disso, coloca como mito a ideia de
que pesticidas são vitais para garantir a segurança
alimentar.
Diversas organizações governamentais e civis se uniram também ao movimento, trazendo dados concretos e importantes que traduzem o perigo que seria levar ainda mais químicos à alimentação do brasileiro. E para garantir que os venenos não encontrem novo caminho, foi desenvolvido o PL 6670/16 – Política Nacional Redução Agrotóxicos, que foi uma sugestão da Abrasco – Associação Brasileira de Saúde Coletiva. O site da câmara dos deputados informa que:
A política nacional proposta pretende monitorar o uso de agrotóxicos no país e estimular o uso de sistemas de produção orgânicos e de base agroecológica. Também seriam privilegiadas técnicas de manejo sustentável para o controle dos problemas fitossanitários. O texto determina ainda a proibição do uso de agrotóxicos nas proximidades de moradias, escolas, recursos hídricos, áreas ambientalmente protegidas e áreas de produção agrícola orgânica ou agroecológica. E procura tornar mais transparente o uso de organismos geneticamente modificados.
Bom, deu para compreender o porquê essas pessoas incríveis se uniram para pedir em nosso feed uma assinatura, né?! Nós, aqui do Sunday Slices, já assinamos e continuamos juntas na busca por uma alimentação mais viva, mais real, que aproxime famílias, que trate com carinho e respeito o produtor e traga somente boa saúde em nossa mesa!
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Foto: Thamires Santiago