Em Jerusalém, visitamos o incrível museu de Israel que valeria um post dedicado para falar do seu acervo ma-ra-vi-lho-so, das esculturas incríveis e principalmente do Shrine of the Book, uma ala onde são guardados os manuscritos originais da Bíblia encontrados no Mar Morto. Mas vou falar do restaurante do museu. Porque, numa boa, morando em Paris eu pude ir em muito restaurante de museu e quase noventa por cento das vezes é furada “pega-turista” e você vai muito provavelmente comer comida congelada pelo preço de dois olhos da sua cara.
No Museu de Israel foi diferente. Entramos receosos em um dos dois restaurantes, o Modern. A decoração é inspirada por artistas do começo do Modernismo Internacional. Bem iluminado, arejado e cool. A cozinha é local, com ingredientes da região e pratos tradicionais de cem anos, trazidos pelos imigrantes de todos os cantos do mundo para a Terra Santa e revisados pelo chef. O restaurante tem três espaços: uma sala enorme e bem arejada, um terraço com oliveiras e ainda um outro terraço secundário, para acolher tantos visitantes do museu.
Pedimos a salada israelense como entrada, kadaïf recheado com frango, cebolas e nozes e dumplings de carne ensopada como pratos principais e nada de sobremesa, por estarmos apressados para terminar de visitar esse museu magnífico. Para acompanhar, um clássico da região: limonada geladinha. E então o receio ficou para trás e os nossos queixos no chão. A salada israelense é uma entrada simples: cebola, tomate, pepino, sumo de limão, azeite e pimenta do reino e folhas de salsinha picadinhas. Perfeito para refrescar em dias quentes, e abriu nosso apetite. Roubamos a receita para copiar em casa também!
Os pratos super bem montados pareciam obras do museu. As receitas antigas da cidade de Jerusalém foram reinterpretadas de maneira criativa, graças à engenhosidade gastronômica do chef, casando sabor e visual. O tal kadaïf é uma massa em fios bem fininhos. Outro nome para isso é knafeh, tradicionalmente em forma de sobremesa. Mas aqui o kadaïf é recheado com frango e foi servido com uma decoração à la Jackson Pollock. Crocante e surpreendente porque a mistura de sabores e texturas não parece com a nossa culinária.
Já os dumplings foram inspirados por uma receita antiga e clássica: o ensopado de carne e alcachofras, geralmente dedicado ao Shabbat, o dia de repouso da religião judia. Os ensopados são receitas preparadas durante longas horas antes do Shabbat. Aqui a carne ensopada recheia os dumplings e o seu molho contém as famosas alcachofras da região e também tomates, azeite e sumo de limão. Uma delicia com ares de comfort food, comida de vovó. Saímos de lá contentes, satisfeitos e cheios de energia boa para continuar a visita de um dos maiores museus do Oriente Médio. Se por acaso passar pela Terra Santa, reserve um tempinho para esse lugar incrível, fica a dica.
Fotos: Edouard Ormancey
Restaurante Modern: 11 Derekh Ruppin, Israel Museum, Jérusalem 9543500 – Israël +972 2-648-0862