Copenhague: vikings, cachorro-quente e bicicleta
Capital da Dinamarca, Copenhague era para mim mais um pontinho no mapa. Eu não conhecia muito sobre o país, menos ainda sobre a cidade, que fazia eco na minha cabecinha à marca de chocolate vendida no Brasil.
Eis que decidimos passar quatro dias no berço da cultura nórdica e tudo mudou. Descobri que eles ainda têm rainha no governo, que o frio pode ser aconchegante sim e que o passado dos vikings que criaram a cidade deu lugar à tecnologia de ponta e à arquitetura sustentável. Que a maioria da população se locomove em bicicleta faça frio ou faça mais frio. E isso é apenas a pontinha do iceberg.
Para mim, Copenhague evoca : o design escandinavo, a organização coletiva impressionante baseada em muito civismo e, recentemente, o pivô da revolução gastronômica da cozinha escandinava. A Netflix começou a falar um pouco disso, em vários programas, e isso me chamou bastante a atenção. Porquê?
Aqui a razão: desde sempre, o europeu (do sul principalmente) repetia com muita arrogância que os nórdicos não tinham uma verdadeira cultura gastronômica. Isso foi até que gente como um rapaz dinamarquês chamado René Redzepi resolveu criar o que virou o “melhor restaurante do MUNDO”, o Noma. Ele e tantos outros nórdicos, como o Fäviken na Suécia, se jogaram na cozinha criativa refinada, respeitando sazonalidades e primando a qualidade dos ingredientes locais, isso tudo antes da modinha de hoje.
Aliás, os dinamarqueses, suecos e noruegueses se consagraram como precursores dessa tendência graças à algumas estrelas Michelin conquistadas com trabalho duro e a outras tantas sacadas de marketing (tipo, justamente figurar em documentários aclamados do Netflix como Chef’s Table).
Tudo isso para dizer que, ao chegar no aeroporto Kastrup, eu já estava salivando. Lendo um pouco antes sobre esse povo tão organizado e respeitador de regras eu decidi reservar meus restaurantes com antecedência – fiz bem e recomendo.
E eu já sabia que tinha que testar três coisas: frutos do mar (estando num país com 406 ilhas, parecia lógico), gastronomia tradicional e uma belezinha um tanto quanto menosprezada: o famoso cachorro-quente local. Tudo isso visitando a cidade em cima de uma bike alugada.
Logo no primeiro dia de visitas dei um jeitinho de passar perto de uma barraquinha de Pølsemand, o nome deles para o nosso “dogão”. Pesquisei antes qual seria o melhor e acabei encontrando na internet o site do DøP, abreviação de den økologiske Pølsemand, algo que em português soaria literalmente como “o cachorro-quente orgânico”. Ele é todo hipster e fofinho, do lado da torre redonda (Rundetårn), um observatório astronômico muito antigo e que vale a pena demais visitar.
Aparentemente o cachorro-quente é “o” prato típico mais famoso da Dinamarca (oi, é prato?). Estranho de entender, mas bem gostoso. O tradicional vem com salsicha de porco assada, cebolas frescas, cebolas fritas (!), picles, ketchup, maionese e o segredo dinamarquês: a “remoulade” – molho à base de maionese, creme de leite, picles, alcaparras, limão, mostarda e tantas outras coisas que eu não saberia enumerar. Definitivamente, a melhor opção de almoço num país caríssimo e que de quebra faz parte do patrimônio cultural.
Vale lembrar que no DøP eles têm opções veganas e também sem lactose.
Pedimos logo dois assim que chegou a nossa vez na fila que pegamos. As salsichas fumegantes foram a boa pedida para o clima geladinho. A única coisa negativa é que o cheiro de cebola fica com você o resto do seu dia. Ossos do oficio, fazer o quê …
(continua…)
DøP : Amagertorv 31, 1160 København, Danemark
Site: DEN ØKOLOGISKE PØLSEMAND