Entrar no Benedita é como chegar em casa e querer tirar sapatos. E por mais que existam muitos restaurantes que prezem pelo o conceito de retorno à comida caseira, os meninos desse restaurante levam isso a um outro nível, e que delícia poder experimentar isso.
A casa abriu em março do ano passado, no bairro de Perdizes em São Paulo, mas antes disso existiu uma longa estrada até o prato que pedi agora, vatapá da vó Zenaide. Um dos sócios, Rodrigo Isaias, morou na casa onde é o espaço do Benedita hoje, durante dez anos e sempre teve uma vivência intensa no universo da cozinha tradicional brasileira de casa. Aprendeu tudo com as avós, uma paraense e uma mineira, mistura perfeita para a assinatura dos pratos do cozinheiro.
O surgimento do Benedita veio enquanto Rodrigo ainda morava na casa e junto ao sócio, Felipe, faziam refeições pra os amigos. Cada vez mais amigos iam experimentar, cresceu para grupos fechados e depois de muitos testes resolveram abrir a casa. Felipe e Rodrigo, sempre tiveram a ideia de fazer um restaurante que fosse a verdadeira cozinha brasileira de casa, e conseguiram. Em meio a tanta comida de fora do país ganhando espaço (com seu mérito) o Benedita vem como um afetuoso lembrete ao que temos de mais precioso que são nossas raízes.
Toda essa essência caseira, não para na arquitetura ou no conceito dos pratos, passa também pelo processo de base, eles fazem tudo do zero: os caldos, o leite de coco que vai no Vatapá, preparam o próprio camarão seco, o óleo de urucum, a maionese do camarão da entradinha e por aí vai. Existe um cuidado imenso nos preparos e isso pode ser sentido no sabor final.
Da última vez que fui ao Benedita, pedi de entrada o camarão do Remanso, empanado com flocos de tapioca acompanhado por uma maionese de tucupi e bolinho de arroz. Como prato principal pedi o Vatapá da Vó Zenaide, delicioso e supriu bem duas pessoas, já que havíamos pedido duas entradas. Uma boa dica também é pedir a moqueca de banana com creme salgado, talvez seja meu prato preferido da casa.
Para finalizar, pedimos uma sobremesa que nos surpreendeu, se chama Dona Alberta, um doce tradicional das casas portuguesas (creme de chantilly, farofa de biscoito maisena, ovos moles e amêndoas laminadas) é uma sobremesa leve e combinou perfeitamente com o cafezinho coado no final. Para o Benedita, minha volta é sempre certa e espero que seja em breve.
Fotos: Beatriz Xavier e Larissa
Benedita: R. Havaí, 258 – Sumaré, São Paulo-SP.