“Eu não consigo viver sem livros”, diz um imã amarelo grudado em minha geladeira. E ele não poderia estar mais correto. Meu marido e eu participamos, sem dúvida, da estatística de pessoas que compram livros para colocar na fila e ler em breve. Entrar em uma livraria e escolher nossa próxima leitura é, desde nossa adolescência, um programa super divertido. Outra grande alegria em minha vida é cozinhar! É na cozinha que a alma da casa vibra, que as sensações pulsam e os melhores papos da festa acontecem. Estar ali, no comando de cortes, chiados, tilintares e pratos vivos, e dar vida ao alimento que nos energiza, me traz alegria e conforto. É ao lado das panelas que me encontro feliz.
Nada mais natural então, do que unir essas duas paixões, e assim, meus livros de gastronomia com suas receitas mágicas e inspiradoras ficam ali, num balcão da cozinha, bem à mão, bem fácil e prontos para alegrar a movimentação do melhor lugar da casa. Quando resolvi contar, tinha ali mais de 40, a maioria adquirido por mim em viagens ou idas rotineiras à livraria e ao sebo, mas alguns chegaram a mim por meio de avós, pessoas queridas, doações ou presentes, e estes, mesmo que não sejam livros incríveis, me são muito queridos. Nesta coluna pretendo falar um pouquinho de cada um deles, do que suas páginas permitirão criar na cozinha, os sabores que poderão oferecer e as sensações que me fizeram sentir. Então, abre espaço na biblioteca, porque ideias de boas leituras e práticas receitas é o que não vai faltar!
Neste primeiro encontro, decidi falar sobre o livro que no último ano tem sido meu fiel escudeiro. Sem exagero algum afirmo: abro este livro no mínimo duas vezes na semana! Seja para inspirações ou para conferir uma receita. Ele foi escrito por uma musa da culinária brasileira e sua equipe, e aliás, que equipe! Tudo por eles publicados é de um capricho e carinho que fazem cada página virada ser uma deliciosa descoberta, e em minha casa, esse livro é o campeão da coleção. Estou falando de Rita Lobo e sua Panelinha que testam as receitas com afinco e exatidão até chegar ao melhor ponto, e nos entregam de bandeja os mapas dos melhores e mais simples tesouros gastronômicos. Esse livro do meu coração é “O que tem na geladeira”. Nele, ingredientes básicos da feira ganham diversos formatos e possibilidades, mostrando o quão fácil é sair da rotina com uma beterraba. Desde a tradicional batata inglesa, ao complicado de achar palmito fresco, o livro traz receitas básicas e inusitadas, e ótimas formas de usar (e jamais perder!) nossos alimentos.
A receita que trago deste livro não é a mais incrível ou transformadora, mas é aquela que me traz lembranças e aquece o coração: creme de milho! O creme de milho é uma instituição em minha família, que vem da minha avó materna e se tornou o carro chefe na cozinha de minha mãe. Passei grande parte da vida tendo o creme de milho como estrela do almoço de fim de semana. Porém, há cerca de 10 anos, eliminei o leite e derivados de minha dieta cotidiana, e o creme de milho de minha mãe usa e abusa do creme de leite. Fiquei sem meu prato querido. Minha mãe tentou modificar a receita, mas nada parecia igual, e eu preferia ficar sem mesmo.
Eis que surgiu este livro em minha vida, e lá estava ela, a receita do creme de milho! Bem diferente da receita de minha mãe, mas o convite a testá-la me encheu os olhos e o coração de alegria, e lá fui eu; substitui o leite animal pelo leite de coco que faço em casa toda semana, investi no milho orgânico e testei! Foi um sucesso em minhas papilas gustativas, e ouso dizer, achei melhor que o da minha mãe! Uma receita diferente da dela, mais cremosa e com maior sensação do milho, e um alento de poder novamente apreciar este prato que tanto sentia falta. Melhor ainda é a possibilidade de oferecer ao meu filho e continuar a tradição familiar.
creme de milho
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- 4 espigas de milho verde - ou 2 xíc. de milho debulhado
- 1 1/2 xíc. de leite de coco
- 1/2 cebola
- 1 col. de sopa de oleo de coco
- sal e pimenta do reino moída na hora
- 1 colher de chá de açafrão da terra
- 1 punhado de cebolinha
PREPARO
- Lave bem as espigas de milho – aqui já compro sem palha e cabelos.
- Debulhe os milhos, colocando-os em cima de uma tábua ou assadeira e passando a faca de cima para baixo, retirando assim todos os grãos. Reserve tudo em uma vasilha.
- Pique fino a cebola.
- Bata a metade – ou 3/4 – do milho debulhado no liquidificador com o leite de coco. A quantidade de milho que você bate, depende de como gosta do creme, com mais ou menos grãos inteiros.
- Em uma panela no fogo médio coloque o óleo de coco, a cebola, o sal, a pimenta e refogue por cerca de 1 minuto.
- Acrescente os grãos de milho não batidos e refogue até os milhos ganharem uma cor mais viva e brilhante.
- Adicione o açafrão e a mistura do milho e leite de coco a panela, misture bem e deixe em fogo baixo cozinhando por cerca de 10 minutos ou até engrossar, mexendo de vez em quando pra não grudar.
- Finalize com as cebolinhas picadinhas e sirva bem quentinho!
4 comments
Adoooooro creme de milho!! Vou experimentar sua receita! E acho que vou comprar o livro tb, para ver o que mais tem nele!! 🙂
Você tentou usar creem-se arroz em vez do creme de leite? Tenho usado bastante nas minhas receitas e estou amando!
Oi Gabriela! Experimente sim, certeza que irá adorar tanto a receita quanto o livro, ele é um enorme aliado na cozinha do cotidiano.
Vou pesquisar o creme de arroz e te conto!
Que legal ver vocês juntas nesse projeto maravilhoso. Muito sucesso ? ah e a receita parece ótima, vou experimentar! Bjs
Obrigada Lotte! Experimente e nos conte o que você, e sua família, acharam!
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