Eu sou apaixonada por comida. É meu assunto favorito. Seja quando estou viajando e no topo da minha lista está: ir ao mercado local e provar os doces típicos, seja na rotina de casa organizando o cardápio da semana, seja colecionando livros de confeitaria ou até perdendo tempo assistindo realities de gastronomia. Amo tanto a cozinha que não é à toa que eu escolhi trabalhar dentro de uma. Isso me fez ter um olhar mais técnico e ser bem exigente – o que não significa que sou chata, viu? Eu amo brigadeiro, mas odeio aqueles bolos “vulcão” ou taças lambuzadas de Nutella. Eu raramente peço sobremesa em restaurante. Muito difícil, mesmo. A real é que eu tenho trauma de comer sobremesa ruim e principalmente, pagar para comer mau.
Eu sempre tive um desejo maluco de morar em outro país, viver em outra cultura. Mas, confesso que nunca havia pensado em morar na Itália ou aprender italiano. Acontece que tudo me levou a escolher vir para cá e hoje eu digo com 110% de certeza que não poderia ter sido melhor. Morar aqui foi além do âmbito profissional, é um constante intercâmbio cultural, histórico, pessoal e emocional. Peguei vários trejeitos italianos, como falar com as mãos e responder com expressões, como “Ow”, “Boh”. Pedir uma xícara de “cappuccio” no balcão do bar virou rotina. E fiquei mais apaixonada pela confeitaria do que nunca.
Neste quase um ano de Itália com meu marido e nosso cachorro, conheci muitas regiões, rodei muito de carro por aí aprendendo, vivendo e, principalmente, comendo o que é local. Comida aqui é coisa séria. Sabe aquela ideia de valorizar os produtos locais e a sazonalidade? Aqui existem siglas (definidas por lei) só para isso: D.O.P., I.G.P., T.G.P, km0. Eles falam sobre comida o tempo inteiro e estão sempre discutindo (calorosamente) sobre. Mas, o que mais me pegou foi o respeito ao alimento, ao tempo, à origem e as tradições, principalmente aquelas passadas de geração em geração, das receitas típicas das regiões às especiais de família. É próprio amor.